choose life
- melody erlea
- 3 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de nov. de 2024

constantemente me surpreendo com a vida sendo moldada pela passagem do tempo. como pode eu, há um ano, dez quilos a menos (e 10 quilos a mais de caraminhola na cabeça), mas a mesma que agora; como pode eu há um ano, outra visão de vida quase por completo, vivendo uma vida virtual que hoje não imagino, participante de uma dinâmica digital da qual nem acredito que me livrei
(e aí a relatividade da coisa toda e o toque especial de hipocrisia - e também a lembrança de que as mudanças se dão por pequenos passos, não saltos mortais - porque digo que me livrei de algo que segue me assombrando, assim como acredito que assombra a todos. lembro de ter lido num blog uma vez um texto celebrando um ano sem cigarros. “um ano conseguindo aproveitar um filme no cinema até o fim, sem a nóia dos dedos no canudo de nicotina me tirando a concentração nos minutos finais, sugando o prazer de assistir ao final de um bom filme”; não acho que eram essas as palavras exatas mas o feeling da mensagem era esse.
e é um pouco assim que eu me sinto - não dá pra ver um filme, dois episódios seguidos de uma série, sem de repente meus olhos estarem olhando pra tela pequena das redes sociais; não é nem só um vício no cérebro, minhas mãos agem por conta própria, de repente elas tateiam ao seu redor, encontram um celular, e habilmente numa jogada de dedos: instagram rolando nas pontas dos dedos e nos olhos, mais uma cena de filme que eu não vi, não assimilei, vou voltar 3 ou 4 vezes, repetindo o ritual das mãos e do telefone, um balé cuja coreografia meus dedos constantemente improvisam, sempre em direção ao celular, sempre para longe do filme.
mas.
ainda assim.
ainda assim eu me vejo vencendo a luta.
assisto filmes que não esqueço, que grudam no meu cérebro por dias e semanas a fio. redescubro músicas e discos, decoro letras que até então passaram despercebidas. visto roupas que contornam meu corpo hoje de maneira diferente de quando eu as comprei - não gosto do que vejo nas fotos, mas gosto do que vejo no espelho.
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