estou pirando ou as coisas estão melhorando
- melody erlea

- 4 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de fev.

engraçado passear pelos meus arquivos virtuais e perceber que eu nunca fui feliz no instagram. o repeteroupa me trouxe tanta coisa legal, pessoas, oportunidades de trampo, experiências, viagens, amigas, até um ou outro date. mas a que custo, né? 8 anos alimentando uma rede social da qual nunca gostei, cuja dinâmica - mesmo em seu auge mais divertido - nunca me atraiu.
dos diários de melzinha, 24/out/2018:
percebo cada vez mais como me faz falta escrever aqui. escrever de mim, falar o que eu penso, não escrever sobre roupa e coisa que renda like e comentário. eu amo meu outro blog, amo a repercussão que ele teve e como ele cresceu, mas no momento não consigo lidar com ele e com meu instagram.
dos diários de melzinha, 15/04/2014:
fiz um instagram.
eu nunca quis ter um instagram.
(nesse mesmo post eu fiz um poema sobre ser viciada no meu celular - em dois-mil-e-catorze!)
dos diários de melzinha, 15/10/2015:
tenho pensado muito em desencanar do instagram e postar as coisas direto aqui, centralizar mais minhas postagens ao invés de lidar com diversas redes sociais.
aliás, que cansaço das redes sociais num geral, é isso a velhice chegando?
(em 2015 já me achando velha e rabugenta, provando que eu mudei muito pouco nesses 10 anos kkkk)
dos diários de melzinha, 8/12/2015:
deletei o twitter e o instagram.
saí de todos os grupos, dei unlike em todas as páginas, tudo isso num esforço absurdo em encontrar meu centro, em entender o que é que eu penso, quem é que eu sou, como é que eu funciono.
a virada de 2014 pra 2015 foi meu primeiro adeus das redes sociais - depois de estar na internet desde o icq, tava achando tudo totalmente sem sentido. o instagram, que eu nunca sequer quis ter, eu fiz porque estava cursando pós em comunicação, cultura e moda e minha professora disse que pra trabalhar na área "tinha que ter". talvez seja verdade. talvez não pra quem realmente saiba o que está fazendo e ofereça um serviço/produto/ideia primorosos (não tô falando de mim, eu definitivamente não tenho nem esse talento, nem essa técnica e nem essa vontade toda de trabalhar). enfim, essa conta que abri por causa da facool durou um ano e meio.
de 2015 a 2017 eu fiz o que a gente chama de um detox de redes sociais. aí em 2017 eu comecei o repeteroupa - cuja maior base de audiência e alcance foi, desde o começo, o instagram (embora o blog, principalmente nos primeiros meses, tivesse bastante movimento também).
eu tava pensando esses dias na minha despedida gradual do repeteroupa e, também, do instagram. arquivei, aos poucos, todos os meus posts, deixei de seguir muita gente, parei de fazer vídeos, responder comentários, me preocupar com números, engajamento, crescimento.
ter o repeteroupa por esses 8 anos foi um crescimento enorme para o meu pequeno e simples cérebro. sinapses foram feitas durante esse tempo que nenhuma outra experiência poderia ter oferecido - e isso pro bem, pro mal, pro bem mal e pro malzão.
e eu me vejo mais uma vez nesse processo gradual de ir aos poucos me desconectando, buscando, quem sabe, uma conexão mais genuína comigo mesma, com quem tá na minha vida real, com a vida real, acontecendo todo dia tão completamente desligada do que acontece nas redes sociais. é incrível como certas coisas só são relevantes nas redes sociais, e o próprio mecanismo do algoritmo multiplica e faz a relevância soar tão maior do que realmente é.
mais uma vez tô eu aqui, 10 anos depois de deletar meus perfis pela primeira vez, tentando me desligar da influência ridícula das redes sociais. tudo isso num esforço absurdo em encontrar meu centro, em entender o que é que eu penso, quem é que eu sou, como é que eu funciono. de novo.
tenho lido meus arquivos antigos, dos blogs pessoais, dos blogs trancafiados, dos blogs esquecidos, e tinha uma originalidade ingênua nas coisas que eu escrevia que eu gostaria de recuperar - não era uma escrita pro algoritmo, pra alcançar o maior número de pessoas, não era essa linguagem click-bait-ui-ux de hoje em dia. era linguagem pra conectar, pra tentar tocar alguém, pra estender a mão e ver se alguém segurava. agora é pra tentar fingir que nossa telinha é um telão num estádio.
sinto falta de compartilhar vídeos que assisti, divagações-diarinho e meu diário visual acompanhado de texto, organizado na tela da maneira que eu quiser. sinto falta de falar de bobeiras mil sem ter que agradar um algoritmo que vai decidir por nós o que consumir. e não quero mostrar meu dia-a-dia num story que vai aparecer por 24 horas numa bolinha em meio a centenas de outras no topo da página de uma rede social mostrando informação demais ao mesmo tempo pra gente sequer conseguir assimilar.
eu quero postar as fotos, e escrever um parágrafo, e lembrar de outra coisa, e conectar com uma anedota qualquer, à esmo, sem obrigações a narrativas algorítmicas. eu quero escrever sobre meu dia-a-dia pra me entender com a vida, com o que eu sinto, com os eventos e com o passar do tempo - não pra entreter uma audiência viciada em celular.
quero escrever pra registrar meus dias e enxergar um pouquinho de poesia - mesmo que seja poesia triste, poesia suja, poesia desesperada - na vida rotineira. como eu costumava fazer desde sempre, desde a adolescência, desde que fiz, em 2001, aos 13 anos, meu primeiro blog.
quero escrever textos longos, desses que a gente tem vontade de passar um café ou fazer um chá e ler, devagar, com calma, prestando atenção como se fosse uma conversa. quero poder reler meus arquivos e lembrar de épocas da minha vida, como eu me sentia, com quem eu andava, onde eu ia.







eu nesse momento exatamente comendo um docinho e lendo esse texto ♥
Me senti muito representada nesse seu texto. Pra mim o instagram a rede que mais caga minha cabeça e ainda assim tô la. Tô menos, mas tô. Às vezes tenho a sensação de que me perdi de mim, que não consigo me conectar cmg, com meus gostos, com quem eu sou... aliás parece que quando eu era mais nova eu era tão mais assertiva e hoje tô um saquinho de lixo! E lá vamos nós tentando achar caminho nesse caos!
Estamos todos nessa busca incessante por aquilo que nos define, espero que encontremos. Ansiosa pelos textos longos que eu irei fazer um chá para sentar e ler.